Guerra Tokusatsu. Todos pela Terra! - capitulo 25

 



25 –Tensão Pré-Alinhamento- A hora da verdade e as últimas peças do grande xadrez cósmico.

Enquanto nas dimensões em guerra, os conflitos (por iniciativa de MacGaren em sua cartada final antes do chamado alinhamento planetário) escalavam em proporções inimagináveis, com milhares de vítimas civis e significativas baixas de ambos os lados; alguns fatos, que pareciam, inicialmente desconexos, do conflito em si, ocorriam nos bastidores daquele conflito.

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Em uma dimensão desconhecida, fora do grande conflito, duas jovens treinavam intensamente num famoso dojô de ninjutsu da cidade.

A primeira, era de baixa estatura, trajando uma roupa descolada, de tons rosa pink e lilás, com algumas mechas coloridas na franja do cabelo, segurando um par de adagas de madeira reforçada, típicas de treinamento.

Pelos gestos e atitudes, percebia-se que ela era um tanto quanto agitada e tempestiva.

A segunda, por sua vez, era exatamente o oposto.

Fisicamente mais alta e magra, trajando um quimono preto, típico dos ninjutsus, empunhando uma katana também de madeira reforçada, com uma invejável destreza.

Não falava e quando se comunicava, fazia um gestual característico de linguagem para surdos ou mudos.

A primeira jovem, muito ágil, a atacava com intensidade, dando saltos mortais agressivos e ataques vigorosos, apesar de ser apenas um treino.

No entanto, para seu desespero, ela era facilmente bloqueada pela segunda, que se mostrava muito concentrada e focada no combate.

Conforme o treinamento avançava, a postura firme da segunda jovem, irritava a primeira.

Chegou um ponto que ela diz:

-Cansei...

-Chega!!!...

-Você não facilita..., Tomoko!

-Nem no treino, você muda a postura...

-“Maninha” ruim, você...

-Desse jeito, nunca alcançarei o seu nível...

A segunda jovem, mantendo a postura séria, diz através do seu gestual:

-Acostume-se, Sakura...Essa é a irmã que a vida te deu...

-É o que tem pra hoje...

A primeira jovem sorri:

-Fazer o quê? Mas, acho que, estamos nos dando bem...

-Pelo menos, eu acho...

Tomoko, a jovem muda, assente com a cabeça, dando a entender que concordava com Sakura, a sua inquieta irmã.

Sakura, faz uma proposta:

-Que tal, a gente ir na lanchonete da esquina e a gente dar um “tapa” do estômago?

-Dessa vez, eu pago...A “mamis” me deu a mesada mais cedo esse mês...

-Também pudera!

-Deixei o santuário dos Hananins, em Hamanako, brilhando...

Tomoko, faz um sinal de positivo com mão, dizendo com os gestos:

-Até que enfim! As duas últimas vezes, quem pagou fui eu...

Enquanto, Tomoko iria tomar um banho rápido e se trocar, Sakura, decide ligar para sua mãe, que estava em outra cidade numa conferência de ninjas de diferentes tradições.

Após ouvir as mesmas recomendações de sempre, ela diz:

-Tá bom, “mamis”... Terei cuidado com a filha bastarda do pai...

Ela escuta uma bronca como resposta:

-Não fale assim! Ela pode não ser sua irmã por parte de mãe...

-Mas, ela está longe de ser uma bastarda...

-Se ela ouvir isso, vai ficar chateada com razão e de quebra, você vai ouvir poucas e boas de mim...

-Você sabe que isso não é nada bom...

Sakura faz uma careta e diz:

-Eu só “tava” brincando...Não precisa fazer esse sermão todo...

-Eu sei que a Tomoko é a 01...

-A primogênita...

Sua mãe, do outro lado da linha interrompe:

-Eu preciso desligar...

-Assim que terminar aqui, vou visitar você sabe quem...

-Vou levar o Fenrir (*) comigo...

Nota Especial:

Lobo de estimação da família.

-Faz parte da minha missão...

Sabendo quem era a pessoa quem sua mãe iria visitar, Sakura, num tom triste:

-Tá certo, mãe...

-Tomoko fica feliz quando você faz essa visita à mãe dela...

-Pena que ela não pode te ouvir...

-Mas, quem sabe um dia, ela acorda e vocês se entendam...

-Tchau, mãe...

-A gente se vê mais tarde...

-Beijo...

Ao desligar, Sakura, enquanto aguardava a meia irmã, pensa consigo mesma:

“Ah...pai...Está tão difícil sem você!”...

“Duas semanas que você se foi”...

“Eu crio um monte de coisa na minha cabeça pra esquecer”...

“Se não , enlouqueço”...

“No fim, saber que Tomoko é minha meio-irmã, me ajuda a enfrentar a sua falta, sabe?”...

“A gente tem se entendido bem, apesar dos pesares”...

“Nós só temos a nós mesmas”...

“A vida nos fez dar conta disso”...

“Não adianta ficar levando uma rivalidade que não leva a nada e, depois da sua perda, pai..., de nada adianta”...

“E evoluí muito em matéria de combate, depois que eu a conheci”...

“Passei levar mais a sério a coisa”...

Nesse instante, Tomoko, vestida de uma camiseta branca básica e uma calça jeans azul surge no local.

Sakura, tentando disfarçar o sentimento de vazio que lhe consumia, volta à personagem que interpretava constantemente, para se fazer de forte e “durona”, diz:

-Tá ótima!...

-Agora sou eu que vou tomar uma ducha rápida...

-Tô “varada” de fome...

-Hoje eu quero zoar meu fígado sem dó...

-Chega de comida saudável dos ninjas...

-Essa dieta rigorosa, tem hora que é um “ pé no saco”...

-De vez em quando, chutar o balde é bom...

-Quem sabe aparece uns “boys” pra gente paquerar...

-Faz falta ter um “lance” com alguém...

-Dar uns beijinhos, sabe?

-Nossa vida é só treinar, treinar e lutar...

Tomoko dá um sorriso discreto, dizendo com as suas mãos...

-Concordo...

-Faz falta ter uma vida normal e, até mesmo, namorar...

-Mas, fizemos essa escolha...

-Temos que nos dedicar...

Sakura se retira.

Assim que se vê sozinha, agora era vez de Tomoko se perder nos seus pensamentos.

Enquanto via uma foto de seu pai, ao lado de sua meia-irmã e da senhora Agnes, agora sua “mãedastra” (já que a senhora Agnes era uma segunda mãe pra ela), Tomoko permite deixar rolar uma pequena lágrima.

Ela, com o indicador direito, fazendo alguns giros no rosto do pai, começa a pensar.

No seu mundo abstrato particular dos pensamentos, ela era muito mais eloquente do que interagindo com os outros.

Ali, consigo mesma, Tomoko Yagyu conseguia ser ela mesma, sem medo de julgamentos.

“Pai...Eu só queria ter vivido mais com você”...

“Ser sua filha como o Sakura foi”...

“A vida não foi muito generosa comigo, sabe”...

“A perda da capacidade de falar de maneira tão trágica desde pequena”...

“A falta da figura paterna”...

“As escolhas da minha mãe, nem sempre as mais certas, mas sempre tentando me proteger”...

“A ponto de se sacrificar e ficar em coma”...

“E agora, sua partida tão repentina, quanto dolorosa, pai”...

“Mas, não posso reclamar”...

“A senhora Agnes, tem sido muito generosa comigo”...

“Ela sublimou eventuais mágoas, ou ciúmes que sente da minha mãe e tem se esforçado para suprir a falta que a minha mãe me faz”...

“Sakura é meio espevitada, mas me acolhe do jeito doido dela”...

“É a melhor irmã que ela pode ser”...

“Ela vibra numa intensidade juvenil tão dela, que acalenta minha alma”...

“E lhe serei grata, por isso”...

“Creio que sem ela e sem os nossos amigos da nova geração de ninjas lutando ao meu lado, eu já teria tombado”...

“As batalhas, tem sido cada vez mais pesadas”...

“Ainda vamos descobrir quem está por trás da Star- Shine”...

“Dizem que é uma mulher cheia de si..., poderosa e arrogante”...

“Ela certamente vai pagar caro o que fez com minha mãe e com meu pai”...

“Ser a trigésima sexta sucessora da arte Togakure e levar adiante o legado e o nome do meu pai, não é algo fácil”...

“Ser uma Jiraiya tem sido tão doloroso...Ainda não absorvi completamente essa grande responsabilidade”...

“As vezes, nem me sinto digna de levar o nome de Jiraiya adiante”...

“Mas, não posso me dar o direito de jogar tudo pro alto e desistir”...

“Sou muito jovem ainda, mas parece que já vivi tanto”...

“Tudo o que eu queria era poder te ver de novo, pai..., nem que fosse em um sonho e poder te dizer tudo o que não consegui, quando finalmente pude te conhecer”...

“Meu jeito reservado e um pouco arredio não deixou”...

“Mas, meu sentimento está aqui...E ele é verdadeiro”...

“Que, onde quer que sua alma esteja, você saiba disso”...

Nesse instante, Sakura surge com um visual bem alegre e colorido, típico da sua personalidade expansiva e vibrante.

As duas, apesar das tragédias pessoais, tentam ser, ao menos, irmãs...

E isso já era o suficiente...

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No hospital, como de costume, Agnes faz uma oração rápida e encara Rei Yagyu, em coma profundo, com um mix de sentimentos...

Sua antiga rival amorosa, em estado vegetativo, não estava ali...

Era apenas um espectro, incapaz de ouvir e reagir a qualquer fala ou atitude.

Agnes diz baixinho:

-Sabe...

-Eu não tenho mágoas de você, apesar das nossas rusgas no passado...

-Sempre tive medo de perder o Touha pra você...

-Afinal, você surgiu na vida dele, primeiro que eu...

-Sempre fui insegura quanto a você...

-Pois Touha demorou muito pra te esquecer...

-Sua decisão de abandoná-lo tão logo descobriu estar grávida da Tomoko, negando-lhe o direito dele saber que seria pai, foi errada...

-Você ferrou com ele...

-Mas, pensando bem...Se não fosse por isso, eu não encontraria em Touha, o amor da minha vida...

-Muitas vezes, eu pegava pesado com ele...

-Não disfarçava o meu ciúme, embora ele não me desse motivo para isso...

-Você o magoou tanto, que seria impossível ele voltar pra você...

-Tudo isso era um medo bobo da minha parte...

-Coisa de mulher insegura...

-Touha me amou...

-Com tudo o que tinha e poderia me oferecer...

-Foram anos maravilhosos e intensos, apesar da nossa vida agitada como ninjas a serviços da paz...

-Mas, olhando pra você assim, nesse estado e sabendo do que aconteceu com a Tomoko, eu consigo te entender, apesar de discordar da sua atitude...

-Ser um Jiraiya requer sacrifícios supremos e nem sempre, quem vive ao lado, consegue entender a dimensão disso...

-Ser um Jiraiya é estar sempre num liame perigoso entre a vida e a morte...

-Você errou feio, mas, do seu jeito, quis poupá-lo e quis se poupar do sofrimento que você sabia que iria passar e que, por ironia do destino, coube a mim passar...

-Quando penso que meu querido pagou o preço de lutar pela justiça com a vida, consigo te entender, em partes...

-Enfim..., de nada adianta isso que te falei...

-Se, ao menos, você pudesse me ouvir...

-Mas, saiba que tenho a Tomoko como uma filha de verdade...

-Isso não é hipocrisia...

-Ela e Sakura estão se entendendo e isso me conforta...

-É o mínimo que posso fazer...

-Pelo pai, amor da minha vida...

-E também por você...

-Fique bem, Reiha...

Agnes, com uma discreta lagrima, se retira.

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Enquanto isso, algo totalmente inusitado, acontecia na “dimensão de Jiraiya” da realidade temporal de 1992.

Reiha; enquanto conversava com Agnes e Kyoko Akizuki, logo após colocarem o casal de gêmeos Touma e Tomiko para dormirem, do mesmo modo que Agnes fazia com a pequena Ayumi; tem uma forte dor de cabeça.

Kyoko e Agnes ficam preocupadas, mas Mestre Tetsuzan, diz:

-Deixe-a!...

-Pako, ou alguma outra entidade astral, quer se manifestar através da paranormalidade da Rei...

Tetsuzan tinha razão.

Os olhos de Reiha brilham em tons esverdeados.

Touha e Wild não estavam no momento....

Agnes estranha porque, dessa vez ela não manifestou os seus conhecidos dons paranormais, que poderiam servirem de suporte à amiga e irmã de alma .

Agnes fecha os olhos e tenta se concentrar, mas seu campo espiritual não expande...

Havia um bloqueio que ela não conseguia de modo algum transpor...

Desde que elas constataram que suas versões futuras haviam morrido, principalmente Agnes, percebeu que algo estava estranho em relação a ela própria...

“O que está acontecendo?” – ela pensa – “Acaso perdi os meus poderes?”....

Com a tonalidade de voz ligeiramente modificada e em transe profundo, Reiha começa dizer:

-Sinto a presença de duas jovens no meu campo extra-sensorial...

-Parecem kunoichis...

-A primeira jovem é de estatura baixa e traz consigo um par de adagas curtas...Está vestida de um traje rosa choque, que lembra uma ninja, mas com toques mais modernos.

-A segunda, um pouco mais alta...

-Essa carrega uma katana...

-Uma katana tão poderosa quanto foi a Espada Olímpica e tem sido a Espada da Luz Sideral...

-Essa segunda jovem, tem um semblante altivo e um quimono preto, parecido com o da família Togakure...

Kyoko, Agnes e Tetsuzan se entreolham, assustados...

Reiha prossegue:

-Sinto também a presença de duas mulheres...

-Não consigo ver seus rostos..., mas elas me parecem familiares...

-Não consigo explicar, mas uma dessas mulheres, consigo até sentir suas emoções..., como se fossem as minhas próprias...

-Ela, por algum motivo, me parece presa, ou impedida por alguma força que desconheço...

-E...

Reiha tenta prosseguir, mas desmaia.

-Reiha!!!! – Agnes se preocupa e tenta acordá-la

Tetsuzan corre e providencia, água corrente numa pequena bacia e um pano.

Ele coloca o pano umedecido na testa da nora.

Aos poucos, Reiha vai voltando...

E para surpresa de todos, ela, em lágrimas, começa um relato de algo que parecia inacreditável...

Surreal, no mínimo!

Conforme Reiha vai revelando os fatos que sua visão lhe mostrou, os três vão mudando o semblante, parecendo não acreditarem no que ouviam...

Agnes começa a rir de nervoso:

-Não...isso não pode ser possível...Meu Deus do ceú!!!!

-É uma piada de mal gosto....

No entanto, a notar que Reiha não estava brincando, Agnes muda o semblante e foge um pouco da sua característica, ao dizer:

-Já não basta saber que, no futuro, no cenário da grande guerra, estamos mortas e que, aqui, no passado, temos que seguir nossas vidas normalmente, como se nada tivesse acontecido, para manter a linha do fluxo do tempo inalterada e manter a existências dos nossos filhos, e agora isso?

-Ó, SUPREMO SENHOR DO UNIVERSO! Até pra mim, isso é pesado!

-Não tenho sanidade mental pra isso...

-Juro...

Kyoko, aflita, colocando a mão direita na testa , andando de um lado por outro, tenta se acalmar.

Tetsuzan fecha os olhos por alguns segundos, tentando encontrar alguma explicação plausível para aquelas revelações tão improváveis, quanto difíceis de crer...

Mesmo pra ele, com toda a sua experiência, e mesmo, acostumado com tantos acontecimentos incomuns ocorridos durante a sua extensa vida, era difícil pra ele, concatenar, aquilo que parecia-lhe um completo absurdo.

Mas, mesmo assim, ele conseguiu:

-Aprendi na vida que nada no mundo é por acaso...e, também não existem coincidências no universo...

-Não é a primeira e não será a última vez que vocês três ouvem isso de mim...

-Essas duas jovens e essas..., digamos, duas mulheres dessa espécie de realidade reversa, existem em alguma dimensão perdida da Terra...

-Elas não são frutos da imaginação da Rei...

-Nesse cenário de uma guerra global, suas almas, de alguma forma, foram tocadas, talvez por Pako, talvez pela vontade do SUPREMO SENHOR DO UNIVERSO...

-O fato é que, apesar da situação delicada, envolvendo principalmente, vocês duas....Reiha e Agnes, elas existem e, como “filhos de Pako” que somos, precisamos encontrá-las....

-Agora, com essa guerra em curso, eu, sinceramente, não sei como...

Kyoko, tentando raciocinar, toma a palavra e faz algumas observações pertinentes:

-Se tudo que a Rei revelou for verdade, teremos um problema familiar, principalmente com o Touha, que não consigo mensurar...

-Se pra vocês duas, a situação é complexa, imaginem pra ele?

-Depois do baque que ele teve...nós sabemos o porquê...

-De cara, não acho que a versão dele, daqui, deva saber...

-Agora, a versão madura do futuro, penso que essa revelação, por mais inacreditável que possa parecer, o ajude...

-Issamu, por telepatia, algumas horas antes, me disse que ele voltou aos combates, após um período de luto de auto-exílio...

-Está lutando com muita energia...,com muito vigor, voltando a ser o Jiraiya que conhecemos...

-Mas, sua dor é visível...

-Parece que luta pra esquecer...

Tetsuzan ouve atentamente decide opinar:

-Não poderia esperar outra postura do meu filho do coração...

-A dor o lapida e ele se torna um ser humano cada vez melhor, apto para encarar e cumprir o seu destino...

-Um guerreiro valoroso de alma e coração...

Agnes, por sua vez, se mostra arrasada.

Nem parecia a mulher forte que sempre se mostrou nos momentos mais difíceis vividos pelo núcleo Yamashi

Ela, numa atitude estranha, evita encarar Reiha, que percebe o incômodo se aproximando e erguendo o queixo da amiga de leve:

-Agnes, minha querida...Olhe pra mim!...

-Você está com vergonha de mim, como se tivesse cometido um crime hediondo, sendo que você não tem culpa de nada...

-Mesmo com nossos poderes extra-sensoriais e nossa paranormalidade aflorada, como poderíamos imaginar essa “realidade” reversa de nós mesmas?...

Agnes tenta se desculpar:

-Eu sei, mas....

-Estou tão confusa...Não sei o que dizer...O que pensar?

-A última coisa que quero no mundo é te ferir...

Tetstuzan e Kyoko se olham e fazem um gesto com a cabeça, concordando com a atitude de Reiha, que prossegue:

-Passamos por tanta coisa juntas...

-Inclusive o saber da nossa morte e as condições trágicas que ela ocorreram no futuro...

-Depois de tudo que vivemos, você ainda acha que serei dominada pelo ciúmes?...

-Um ciúme descabido e que se refere a uma outra realidade, completamente diferente da nossa?

-Ah...minha amiga e irmã de alma, isso não cabe...

-Não é justo com nós mesmas...

Após uma pausa, Reiha prossegue:

-Vamos mudar o nosso olhar...

-Olhe para o cenário das quatro, Agnes!

-Duas jovens, filhas de mães diferentes, que no caso, são contrapartes reversas de nós mesmas, onde você é a esposa do Touha, que já não existe nessa mesma realidade, conforme me foi revelado...

-Elas, unidas na dor de perderem o pai , superam as diferenças e se unem, lutando contra as forças do mal daquela realidade em específico...

Reiha enfatiza a sua argumentação:

-Olhe para a sua contraparte!...

-A Agnes desse “mundo reverso”...

-Viúva e tendo que acolher uma filha de um outro relacionamento do marido morto, que no caso, é uma contraparte minha e, para piorar, se encontra em coma...

-A outra Agnes é uma leoa!...

-Nobre e generosa!...

-Não muito diferente de você...

-A minha contraparte reversa é que cometeu alguns erros e, mesmo assim, pagou um preço caro por suas escolhas...

Agnes ainda tenta argumentar:

-Mas essa descoberta é constrangedora pra mim..., mesmo sabendo que é uma contraparte..., uma outra versão de um mundo alternativo e diferente da nossa realidade...

-E outra: por que eu não pude percebê-las, como você pôde?

-Parece que perdi meus poderes extra-sensoriais...

Reiha responde:

-Não creio que você tenha perdido o seu poder...

-Eu acredito que as circunstâncias da morte da sua versão do futuro, que foram muito mais trágicas que a minha, tenha causado alguma espécie de bloqueio...

-Seu corpo astral deve ter sentido a sequela do que te aconteceu...

-Mas, não pense que fiquei imune aos efeitos do desenlace da minha versão futura...

-Eu sou incapaz de abrir portais, como fazia até bem pouco tempo...

-Esses dias, eu tentei fazer alguns testes, mas que não deram em nada...

-Eu acho que é esse o ponto chave da questão...

-Senti a presença de suas almas...

-Conheci a verdade sobre suas histórias, mas sou incapaz de me deslocar até elas...

-Mas, suas almas desejam ajudarem naquilo que elas puderem, mas também estão impedidas...

-Numa guerra como essa, toda a ajuda é benvinda...

-Creio que... – Reiha faz uma pausa proposital - ... o “nosso” Touha precisa desse ânimo, apesar dele ter voltado a lutar, conforme a Kyoko acabou de falar...

O “nosso” Touha surpreendeu Agnes, que ouvia atenta, enquanto Reiha prosseguia:

-Eu acho que não deveria ser surpresa...

-O “Triângulo Fraternal dos Filhos de Pako” várias vezes renasceu nessa Terra, em condições diferentes, ao longo de milênios...

-Quer como mãe e filho , pai e filhas, marido e mulher, irmão e irmãs, enfim....,situações afetivas diversas...

-Nós sabemos disso...

-O fato é que, o “nosso Touha”, está enlutado...

-Sucumbiu à dor...

-Algo previsível e até humano...

-Ele tem uma missão a cumprir nessa existência...

-Também sabemos disso...

-Eu não me importo que nessa realidade alternativa, que acabamos de descobrir, o amor da vida dele seja você e não eu...

Em seguida, ela abraça Agnes:

-Portanto, minha querida...tire essa bobagem da cabeça!...

Tetsuzan se mostra orgulhoso com a maturidade que sua nora estava adquirindo.

Com as suas ponderações sempre sábias, sensatas e até filosofais em alguma medida, ele diz:

-Isso mesmo, “filha”!...

-O ciúme é um sentimento humano como qualquer outro e não há nada de anormal nisso, mas fico feliz que vocês sejam capazes de superá-lo, focando naquilo que interessa: a missão cármica de vocês...

-Ele ainda está na caminhada, apesar do terrível baque que sofreu...

-Creio que o coração e a alma sensível e nobre do Touha vai entender as mensagens sublimares por trás dessa descoberta e voltará à sua missão que, como sabemos, é árdua...

-A versão do futuro de vocês duas cumpriram as missões as quais foram destinadas.

-Saber que vocês duas, mesmo que de maneiras diferentes, estão vivas numa outra dimensão, servirá de alento pra ele e ele entenderá que nossa alma é imortal e pode se manifestar de vários jeitos e formas ...

-A espiritualidade superior lhe faz um novo chamado e um convite a reflexão...

Kyoko fica impressionada com a lucidez de Tetsuzan e opina:

-A cada dia eu me surpreendo e aprendo com a sua sabedoria, Mestre Tetsuzan...

-A sua forma de ver e enxergar as coisas, traz um outro olhar, uma outra perspectiva...

Nesse momento ela hesita em prosseguir, mas diz:

-Não quero ser indelicada...

-Essa não é minha intenção...

-Mas, creio que o senhor tenha maturidade pra entender o que vou dizer...

-O Touha de 2010 precisava de ter um mestre como o senhor ao lado...

Agnes e Reiha olham pra Kioko espantadas...

Por mais que Kyoko não quisesse ser indelicada, ela acabou sendo direta demais, num assunto que elas não gostavam de tocar.

Elas não iriam jamais repreendê-la, mas não esconderam o desconforto com aquela observação.

Como que advinhasse o pensamento de cada uma, Tetsuzan:

-Eu sei que, em 2010, até pela minha idade, eu não estarei mais no plano material...

-Isso não deveria ser espanto...

-Mas, acho isso bom...

-Touha, terá que decidir por si mesmo...

-Nessa realidade, ele agora não conta com a Rei, com a Agnes e com o Wild...

-Ele precisará encontrar por si mesmo as respostas para suas perguntas mais íntimas...

-Mas, reforço a minha crença...

-Algo me diz que versões diferentes de Reiha e Agnes e, no caso, outras filhas, podem trazer Touha mais rápido para sua real missão...

-Vocês, devido ao traumas de suas mortes da versão futura, estão com as almas energeticamente fracas, o suficiente para manter apenas, essa versão de vocês, em suas juventudes, vivas...

-Como consequência, seus poderes se reduziram drasticamente...

-O que temos que fazer é conectamos nossas mentes com elas e encontrar uma forma que elas o encontrem...

As três concordam. E era a única coisa a ser feita no momento.

Nesse instante, elas ouvem Touha e Wild anunciando a chegada.

Os quatro se olham, concordando tacitamente que elas tinham que mudarem o semblante para que, tanto Touha, quanto Wild, não desconfiasse de nada do que estavam sendo tratado ali.

E assim foi feito.

De noite porém, os quatro, mesmo deitados em suas camas, passaram a noite em oração...

O resultado não demorou a surgir...

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Na Estação Central do Tempo, a Dimensão Zero...

Em um dos bancos das várias plataformas de embarque existentes, Yukio Ace, o Kamen Rider Geats e Kouta Kazuraba, o Kamen Rider Gaim, conversavam sobre a decisão de Touha de se opor veementemente deles, com seus poderes, trazerem os heróis falecidos de volta.

Era de noite.

Pra não assustar os passageiros presentes, eles trajavam seus uniformes de quando eram simples humanos.

Ace começa:

-Essa do Touha me derrubou, Kouta-kun...

-Eu entendo suas razões...

-Mas, não podemos abrir mão de trazer os heróis de volta...

-Numa guerra fratricida como essa, não poderíamos abrir mão de guerreiros tão valiosos...

-Duvido que, do lado de lá, dos remanescentes ou, até do Satã Goss, ou do próprio Devil-Star, eles não pensem em ressuscitar seus mortos...

-Aliás, eles vivem fazendo isso sem o menor pudor e ética...

-O fato é que somos divindades...

-Pra nós, isso é relativamente fácil...

-E não há impeditivo, já que a volta dos heróis mártires atendem a uma questão coletiva e não um desejo individual dessa ou daquela pessoa em particular...

-Mas, Touha tem um peso dois na grande coalisão de heróis..

-Todos o respeitam...

-Afinal, ele é um dos atores mais antigos nesse complexo xadrez cósmico milenar...

Kouta, sentado ao seu lado, coloca o corpo inclinado pra frente e esfrega as mãos várias vezes, mostrando uma certa tensão.

Mas, decide opinar:

-Eu entendo a questão particular do Touha...

-Diante que aconteceu com a esposa dele e o casal de amigos , eu concordo com ele que trazê-los de volta, pode representar uma perda do sentido do sacrifício que foi feito, principalmente pelas senhoras Reiha e Agnes...

-Eu concordo com ele, Ace-Kun que, se estivessem vivas, elas não aprovariam isso...

-Temos também a questão do Nobuhiko, pai do Taukasa-kun...

-Ele se tornou uma simbiose com o filho, servindo como uma espécie de mentor cerebral...

-Também não vejo sentido em trazê-lo de volta...

-Mas, em relação aos demais, estou de acordo com você, Ace-kun...

-Como abrir mão do Ultraseven?

-Do Shaider?

-Do Cyber Marte?

-Do Gokai Silver?

-E de tantos outros?...

-Você tem total razão quando diz que as forças do mal trará os vilões mortos em batalhas, quantas vezes forem necessárias, gerando um ciclo infinito de caos e sofrimento, prolongando essa guerra inútil...

-Algo me diz que esse alinhamento planetário tão temido, previsto pra depois de amanhã vai trazer momentos dificílimos pra nossa coalisão de heróis e pra Terra em geral...

Yukio Ace acenava com a cabeça, concordando com Kouta que, após uma pequena pausa, prossegue:

-Esses últimos cinco dias foram pesados...

-Tivemos muitas vidas humanas perdidas, apesar dos nossos esforços...

-O mundo chora seus mortos...

-Nós também choramos os nossos mortos...

-Por mais fortes e resilientes que sejamos, estamos todos abalados...

-Veja o Comandante Shirou...

-Ele se manteve forte durante as batalhas, mas eu, hoje de manhã o peguei chorando sozinho...

-Não consegui dizer nada...

-Internamente, eu me perguntei, pra que serve a minha “divindade”, se eu sou incapaz de fazê-lo manter a coragem e a esperança?

Ace respira fundo e faz suas ponderações:

-Somos deuses no sentido de mudarmos à realidade à nossa volta, mas não somos o Deus Todo Poderoso, da tradição judaico-cristã...

-Onipotente, Onipresente e Onisciente...

-Perto dele, estamos mais pra semi-deuses...

-Mas, isso não importa agora...

-O tempo está se esgotando e precisamos de alguma estratégia tempestiva para enfrentarmos o que está por vir...

-Até aqui, a coalisão de heróis foi bem sucedida em tudo o que fez..., apesar das perdas de inestimáveis e valorosos heróis...

-É inegável o esforço coletivo, a abnegação e sinergia de todos...

-Todos, sem exceção, estão entregando tudo, fazendo o tudo o que podem para pararem as forças do mal...

-Não é fácil manter esse contingente tão diverso de heróis das mais variadas matizes, deixando suas vaidades pessoais de lado e focados num mesmo objetivo...

-É inédita essa união!...

-Considero um verdadeiro milagre...

-Mas, mesmo assim, se mostrou insuficiente...

-É preciso mais...

-É preciso buscarmos forças de onde não temos e, ao mesmo tempo adotarmos estratégias, nunca antes pensadas ou tentadas...

-Sinto a tempestade perfeita se aproximando...

Kouta concorda com a cabeça.

Ele pensa em falar alguma coisa, mas um aviso sonoro ecoa na Estação.

“Senhores Kouta Kazuraba e Yukio Ace, compareçam imediatamente à sala do Station Master!”

Os dois se olham.

Certamente, algo importante ser-lhes-iam comunicados.

Eikich ou Owner, não chamariam-nos à toa .

O mais rápido que podem, eles se dirigem até lá.

Ao entrarem na sala de Eikich, a surpresa.

Ao lado de Eikich e Owner, um ancião de cabelos brancos cumpridos e vasta barba e um cajado antigo na mão direita, estava ladeado de um homem maduro, trajando uma vestimenta branca que lembrava um antigo samurai.

Os dois estranham , mas logo se lembram que o ancião presente poderia ser o Espírito do Profeta Edin, tão comentado entre os heróis.

Os dois imediatamente fazem um gesto de reverência.

Agora, o segundo homem, jamais lhes passariam pela cabeça quem seria.

O próprio Edin, com sua voz gutural e pausada, dá a resposta:

-Ouçam, prezados...

-Essa é a forma humana de Pako, o antigo Sol redimido do Planeta Mãe das Trevas...

-Somente pessoas que atingiram o status de divindades como vocês quatro, aqui presentes, podem vê-lo nessa condição...

-Isso tem um propósito e no momento certo será revelado...

Eikich e Owner permanecem calados, enquanto Kouta Kazuraba e Yukio Ace mostram um certo espanto.

Segundo relatos que eles ouviram dos gêmeo Touma Amagi e Tomye Reiha, Pako era uma pequeno sol de tons predominante lilás...

Edin prossegue:

-Temos menos de 48 horas antes do alinhamento dos planetas do Sistema Solar...

-Vocês já sabem que, coisas terríveis virão na sequência...

-Os Observadores já deram seus testemunhos....

-Não somente pela ação da entidade Kemono, na “dimensão dos Neochangeman”, mas pela cartada final de Devil-Star, que, não se enganem...retornará mais poderoso...

-Hoje, de manhã, Pako e eu vimos a fala do Touha Yamashi e percebemos que vocês se frustraram...

-Ele está certo numa parte e vocês dois em outra...

-Por isso, quero que vocês usem um trem interdimensional secreto que Eikich, só dispõe para ocasiões especialíssimas e tragam a da família dele, Touha, que vive numa dimensão que, até então, era inacessível para todos, mas que diante dos terríveis fatos que ocorrerão, se faz necessária a presença.

-Touha Yamashi é uma das chaves para a solução dessa guerra...

-E essa maldita guerra do deus Onin, também conhecido como Satanás, o diabo, tendo a família Satã Goss e Devil-Star, o filho mais ilustre a frente, passou da hora de acabar.

-O NOSSO SENHOR já determinou o basta!

-Onin, Devil-Star, SatãGosse filhos, abusaram do direito de manipularem o tempo e o espaço...

-A batalha final bate às portas...

-É iminente e inevitável...

-O desfecho de uma luta de milênios, virá nas próximas horas...

-Teremos que ter força total!

-Enquanto isso, nós aqui, também iremos atrás dos demais elementos chaves que ajudarão a por um fim nessa insensatez.

-Por isso conto com vocês!...

Eikich entrega um bilhete especial a Kouta Kazuraba e Yukio Ace.

Segundo constava na passagem, somente os dois poderiam enxergarem o Jigen-kan Ressha (次元間列車) [O Trem Interdimensional em português] e ele partiria da plataforma central exatamente às 0:00:00 horas através do trilho especial Infinity Liner.

Edin orienta:

-Somente divindades podem acessá-lo...

-Assim que chegarem lá, dirijam-se à cabine de comando.

-Lá, terão todas as informações que precisam para trazerem esse pedaço importantíssimo da família de Touha...

Kouta e Ace se olham surpresos.

O peso da responsabilidade da missão confiada era imenso.

Edin tranquiliza-os:

-Não se preocupem...Nessa viagem, o tempo é relativizado.

-Pelos nossos cálculos vocês levarão um dia pra resolverem toda as questões que envolvem o transbordo e o convencimento necessário que farão com que a família de Touha venha se juntar a ele...

-Vocês retornarão exatamente às 00:59:59 horas.

-Ou seja, uma hora depois...

-O mesmo ocorrerá com elas.

-Passem o tempo que passarem aqui, é como elas tivessem se ausentado algumas horas...

-Se algo acontecer na referida dimensão, temos emissários que nos informarão imediatamente e elas retornarão para lá...

-Quando retornarem, Touha e seu núcleo estarão a espera...

-Uma vez unidos, nada os impedirá de cumprirem seus chamados e missões...

Kouta e Ace fazem um novo gesto de reverência e, com os bilhetes especiais em mãos, se dirigem à plataforma central , esperando a chegada do Jigen-kan Ressha para embarcarem no horário previsto.

Enquanto isso, Eikich diz:

-Prezado Edin e Pako...O Comandante Shirou é AkaRed, uma dos elementos chaves já estão a par do plano em curso...

-Kyoda Valente, da dimensão dos Blue Reds e Shin Hayata também...

Edin faz um gesto assertivo com a cabeça.

-Muito bem...

-Pako e eu também traremos um dos principais elementos chaves pra vencermos de vez essa guerra...Devon, o Juiz do Protetorado Dimensional...

-Ou melhor dizendo, o espírito milenar de Demon-J , o líder deserdado do Planeta Mãe das Trevas, e pai do Jiraiya Prime, que por ironia, reencarnou como filho de Devil-Star e Hanne-Ráh, também conhecida como Hananin Agnes.

Eikich olha pra Owner surpreso.

Por aquela revelação eles jamais esperavam.

Edin e Pako se desmaterializam.

Owner observa:

-Mestre Eikich, seremos mais uma vez testemunhas oculares da história...

Eikich sorri:

-Esse é o sentido da nossa vida...

-Traga seus talheres dourados...

-Vamos parar o relógio do tempo por alguns minutos e fazer nossa velha competição de arroz frito...

-Dessa vez, não pegarei leve com você...

Owner, o proprietário do DenLiner, o trem do tempo, muda a expressão do rosto.

Parecia determinado.

-Já estava sentindo falta disso...

-Dessa vez, vou vencê-lo...

Eikich responde:

-Veremos, meu caro Owner...

-Veremos...

xxxxx

O Jigen-kan Ressha chega à dimensão perdida, em busca da família perdida de Jiraiya...

Assim que Kouta e Ace descem, uma jovem os observava.

Parecia que ela já esperava pela chegada daquele trem.

Ela faz um gesto com as mãos, perfeitamente compreendidos por ambos...

“Finalmente”...

xxxxxx

No mesmo instante.

Vila dos Togakures.

Realidade de 2010.

Devon olhava pro teto.

Mas, era como se aquilo não significasse nada pra ele...

Seu estado quase vegetativo era um impeditivo e tanto para maiores interações cognitivas...

Seu olhar não tinha vida...

Não tinha sonhos...

Não tinha esperança...

No entanto, em dado momento, o ar a sua frente sofre uma leve distorção e ele, mesmo sem entender o fenômeno que ocorria naquele momento, dois homens se materializam perante ele.

Um deles, vestido de túnica branca resplandecente, trajando um cajado milenar e aparentando ser um ancião milenar, lhe diz, com voz de trovão:

-DEMON J..., chegou o momento de você quitar os seus débitos cósmicos...

-Chegou o momento da sua redenção!

-ACORDE E CUMPRA O SEU DESTINO!!!!

Então, nesse momento, o véu da sua mente se abriu e Devon, a reencarnação do milenar Demon-J lembrou-se de tudo...


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